Análise Crítica do 3º episódio de Murder
Por Marcelo Di Bonifácio Filho
"Murder" foi a websérie mais comentada por todos nós nas últimas semanas. Mistério define bem o que rondou pela cabeça do pessoal que acompanhou toda a série. E, talvez, esse episódio tenha sido o mais revelador dentre os quatro apresentados. Tanto na história em si, do assassinato, quanto à direção e edição, por João Vitor Zanato e Ricardo Vitaliano.
Já é sabido por todos nós que João e Ricardo tiveram em suas disposições apenas uma câmera de mão para gravar toda a série e o áudio captado foi o próprio da câmera. Porém, os diretores foram ousados em alguns momentos, passando a ideia de que sabem bastante de técnicas cinematográficas. Citemos alguns exemplos: na cena em que Charlote e Peter estão conversando na mesa de jantar ou algo do gênero, podemos perceber uma simetria no enquadramento. Proposital ou não, não é para qualquer um utilizar a simetria, pois exige duma estabilidade da câmera, sem que parece uma cena morta, e também os atores precisam estar focados, pois não há cortes rápidos. E ficou super natural e alinhado, lembrando diretores como Yasujiro Ozu, Stanley Kubrick e Wes Anderson, lógico, devidas as proporções. Outra cena que chamou atenção foi aquela em que Peter encontra a arma no quintal. Ela passa toda filmada por trás das plantas, como num sentido de que ele fazia algo proibido, obviamente, e que talvez ele fosse o autor do crime. Outra peculiaridade na cena foi a filmagem por trás de Peter, em quase todo o momento, que ajudou a passar o ponto de vista do garoto no instante de desespero em que ele se encontrava.
Em relação às atuações não há muito o que comentar, pois nenhum personagem se sobressaiu no decorrer do episódio, já que todos tem sua importância para o enredo. Porém, há que destacar o roteiro escrito por João Vitor. Já até disse uma vez a ele que achei muito doido e surpreendente o desenrolar da história. E é isso que a gente espera num roteiro. Dois fatos comprovam isso: Peter e Lauren roubaram o dinheiro para doar a uma ONG, o que parece até justo se for considerar que John é uma espécie de João Romão, enriquecia pelo prestígio e nas custas de outros; e na última cena quando é revelado que James seria o assassino. Vale ressaltar que mesmo a detetive confirmando o culpado, não podemos saber se de fato James matou John Medeiros ou se alguém havia armado para cima do mordomo, ainda.
É fato que coisas dessas que fazem os telespectadores pensar um pouco mais a mídia tradicional não produz e nunca vai produzir, em massa. Devemos cada vez mais incentivar a Arte que faz falta no cotidiano do brasileiro em geral. Todos os envolvidos de "Murder" conseguiram passar sua admiração ao Teatro, ao Cinema e a Arte no geral. Cabe a nós meros mortais zelar pela cultura, se não, vamos ter que assistir Novela das Oito pro resto da vida.
Por Marcelo Di Bonifácio Filho
"Murder" foi a websérie mais comentada por todos nós nas últimas semanas. Mistério define bem o que rondou pela cabeça do pessoal que acompanhou toda a série. E, talvez, esse episódio tenha sido o mais revelador dentre os quatro apresentados. Tanto na história em si, do assassinato, quanto à direção e edição, por João Vitor Zanato e Ricardo Vitaliano.
Já é sabido por todos nós que João e Ricardo tiveram em suas disposições apenas uma câmera de mão para gravar toda a série e o áudio captado foi o próprio da câmera. Porém, os diretores foram ousados em alguns momentos, passando a ideia de que sabem bastante de técnicas cinematográficas. Citemos alguns exemplos: na cena em que Charlote e Peter estão conversando na mesa de jantar ou algo do gênero, podemos perceber uma simetria no enquadramento. Proposital ou não, não é para qualquer um utilizar a simetria, pois exige duma estabilidade da câmera, sem que parece uma cena morta, e também os atores precisam estar focados, pois não há cortes rápidos. E ficou super natural e alinhado, lembrando diretores como Yasujiro Ozu, Stanley Kubrick e Wes Anderson, lógico, devidas as proporções. Outra cena que chamou atenção foi aquela em que Peter encontra a arma no quintal. Ela passa toda filmada por trás das plantas, como num sentido de que ele fazia algo proibido, obviamente, e que talvez ele fosse o autor do crime. Outra peculiaridade na cena foi a filmagem por trás de Peter, em quase todo o momento, que ajudou a passar o ponto de vista do garoto no instante de desespero em que ele se encontrava.
Em relação às atuações não há muito o que comentar, pois nenhum personagem se sobressaiu no decorrer do episódio, já que todos tem sua importância para o enredo. Porém, há que destacar o roteiro escrito por João Vitor. Já até disse uma vez a ele que achei muito doido e surpreendente o desenrolar da história. E é isso que a gente espera num roteiro. Dois fatos comprovam isso: Peter e Lauren roubaram o dinheiro para doar a uma ONG, o que parece até justo se for considerar que John é uma espécie de João Romão, enriquecia pelo prestígio e nas custas de outros; e na última cena quando é revelado que James seria o assassino. Vale ressaltar que mesmo a detetive confirmando o culpado, não podemos saber se de fato James matou John Medeiros ou se alguém havia armado para cima do mordomo, ainda.
É fato que coisas dessas que fazem os telespectadores pensar um pouco mais a mídia tradicional não produz e nunca vai produzir, em massa. Devemos cada vez mais incentivar a Arte que faz falta no cotidiano do brasileiro em geral. Todos os envolvidos de "Murder" conseguiram passar sua admiração ao Teatro, ao Cinema e a Arte no geral. Cabe a nós meros mortais zelar pela cultura, se não, vamos ter que assistir Novela das Oito pro resto da vida.
Assista os 4 episódios de Murder abaixo: