Uma nova maneira de fazer o suspense à moda antiga
Por Marcelo Di Bonifácio Filho
Partindo de uma fórmula muito conhecida, João Vítor Zanato escreveu o roteiro de Murder. Com apenas uma câmera de mão, um programa básico de edição e uma coisinha chamada amizade, a websérie Murder nasceu com um propósito bem simples: espalhar a palavra da Arte teatral na visão de um grupo de jovens amigos.
O roteiro segue a tal fórmula citada. Mas com uma pegada um pouco diferente. Bom, mas que fórmula é essa? O suspense que envolve um assassinato, uma família rica que tem empregada e mordomo, e um protagonista que possui seus problemas, tanto familiares quanto com a bebida. Mas o que mais chamou a atenção foi a forma de apresentação dos personagens. Cada um conseguiu mostrar um certo mistério em relação ao convívio com o protagonista, John Medeiros. Não soa como uma história fácil de detetive, na qual já sabemos o assassino logo de início. Cada um teria seu motivo para ser o assassino. Basta agora vermos o desenvolvimento disso nos próximos episódios.
A questão da direção já é algo mais complicado. No sentido de que o material utilizado não foi muito propício a técnicas de enquadramento muito sofisticadas, devido ao baixo orçamento, mas o que fora apresentado mostra um certo conhecimento cinematográfico por parte dos diretores, o próprio João Vítor e o também editor Ricardo Vitaliano. A influência óbvia de Alfred Hitchcock está mais presente no tema, e não na direção, que fique bem claro. Então não há comentários sobre isso. Não tirando a hipótese de grandes sacadas da direção, quando notei, meio receoso, que a cena do café da manhã fosse um breve Plano Sequência, porém me impressionei com a fluidez que foi passada, mesmo com a decisão ousada dos diretores.Também, a aproximação da câmera nos momentos de reflexão ou exaltação do protagonista foi um recurso usado com bastante inteligência. Conseguiu passar as emoções de John quando necessário. Porém, a última cena do conflito entre John e seu irmão poderia ter sido filmada em um ambiente maior e também seria legal utilizar o Plano Sequência. Talvez por escolha dos diretores houve o recurso tradicional de filmar como se estivesse com a câmera no ombro de um ator enquanto o segundo faz o seu discurso em toda a cena, o que ficou interessante. O Plano Sequência seria apenas uma sugestão, já que exigiria mais dos atores para que mantivessem a expressão do personagem durante todo o take.
Quanto a edição, também é outro fator que fica difícil, pelo baixo orçamento. Há uma sincronia excelente de corte das cenas, e entre um ambiente e outro. A abertura da série é muito bem feita assim como a cena do banho de John que combina alguns takes bem sequenciais e que passam a ideia de impotência do personagem. Mas a última cena causou um certo desconforto em alguns momentos. Ficou meio pausado, dificultando um pouco a interação entre os componentes da cena. Mas nada que ofuscasse a atuação ou que dificultasse o entendimento do enredo.
Em relação às atuações, não tem como não focar no talentosíssimo João Vítor, até porque seu personagem é o foco do 1º episódio. A exigência do papel “John Medeiros” é muito maior do que a dos outros papeis, já que é na primeira parte da série que há a apresentação do tema da história, o assassinato de John. Mas é claro, as atuação, digamos, secundárias fizeram um ótimo trabalho e nos deixou com um gostinho de quero mais para os próximos episódios, que, em teoria, vão mostrar mais sobre cada suspeito. Por isso, João desvia a atenção para o seu personagem. Brilhante é a palavra para o talento desse menino. Seu tom de voz, suas expressões faciais e corporais e sua intensidade em cena nos dá a liberdade de o chamar de “Jack Nicholson de Ribeirãon Preto”. Deixando a brincadeira de lado, podemos ver tamanha dedicação do ator ao trabalho. João conseguiu mostrar todas as características de seu personagem: um pai de família rico, prepotente, que trata seus funcionários como lixo, aparenta ter uma relação quase nula com o filho e a esposa e tem seus problemas com o álcool, que o deixa preso ao paradoxo da felicidade proporcionada pela sua riqueza, e com o seu irmão. Vale destacar também o importante papel do irmão de John Medeiros vivido por Igor Mandatti. O jovem ator se mostrou muito seguro e confiante contracenando com João Vítor, o que nos promete uma boa trama no decorrer da série.
Com tudo isso dito, podemos destacar um quesito fundamental e influenciador na realização da websérie: a coragem. Hoje em dia, aos projetos feitos por jovens, ousados e que fogem um pouco dos padrões Globo de comédia ou de novela, não são dados os devidos destaques. Divulgar projetos como esse exige uma tremenda coragem por parte dos realizadores, para lidarem com as críticas, com as gozações e com uma eventual baixa audiência não esperada. Porém, “Murder” está sendo um sucesso na sua “primeira tomada”, quase batendo a marca de 2 mil visualizações no YouTube em menos de uma semana. Até a capa do Cadeno C do “Jornal A Cidade” Murder já ocupou. A nossa nova websérie promete, e muito, manter nossos espíritos de hipóteses e de detetive acordados. Afinal, quem matou John Medeiros?
Por Marcelo Di Bonifácio Filho
Partindo de uma fórmula muito conhecida, João Vítor Zanato escreveu o roteiro de Murder. Com apenas uma câmera de mão, um programa básico de edição e uma coisinha chamada amizade, a websérie Murder nasceu com um propósito bem simples: espalhar a palavra da Arte teatral na visão de um grupo de jovens amigos.
O roteiro segue a tal fórmula citada. Mas com uma pegada um pouco diferente. Bom, mas que fórmula é essa? O suspense que envolve um assassinato, uma família rica que tem empregada e mordomo, e um protagonista que possui seus problemas, tanto familiares quanto com a bebida. Mas o que mais chamou a atenção foi a forma de apresentação dos personagens. Cada um conseguiu mostrar um certo mistério em relação ao convívio com o protagonista, John Medeiros. Não soa como uma história fácil de detetive, na qual já sabemos o assassino logo de início. Cada um teria seu motivo para ser o assassino. Basta agora vermos o desenvolvimento disso nos próximos episódios.
A questão da direção já é algo mais complicado. No sentido de que o material utilizado não foi muito propício a técnicas de enquadramento muito sofisticadas, devido ao baixo orçamento, mas o que fora apresentado mostra um certo conhecimento cinematográfico por parte dos diretores, o próprio João Vítor e o também editor Ricardo Vitaliano. A influência óbvia de Alfred Hitchcock está mais presente no tema, e não na direção, que fique bem claro. Então não há comentários sobre isso. Não tirando a hipótese de grandes sacadas da direção, quando notei, meio receoso, que a cena do café da manhã fosse um breve Plano Sequência, porém me impressionei com a fluidez que foi passada, mesmo com a decisão ousada dos diretores.Também, a aproximação da câmera nos momentos de reflexão ou exaltação do protagonista foi um recurso usado com bastante inteligência. Conseguiu passar as emoções de John quando necessário. Porém, a última cena do conflito entre John e seu irmão poderia ter sido filmada em um ambiente maior e também seria legal utilizar o Plano Sequência. Talvez por escolha dos diretores houve o recurso tradicional de filmar como se estivesse com a câmera no ombro de um ator enquanto o segundo faz o seu discurso em toda a cena, o que ficou interessante. O Plano Sequência seria apenas uma sugestão, já que exigiria mais dos atores para que mantivessem a expressão do personagem durante todo o take.
Quanto a edição, também é outro fator que fica difícil, pelo baixo orçamento. Há uma sincronia excelente de corte das cenas, e entre um ambiente e outro. A abertura da série é muito bem feita assim como a cena do banho de John que combina alguns takes bem sequenciais e que passam a ideia de impotência do personagem. Mas a última cena causou um certo desconforto em alguns momentos. Ficou meio pausado, dificultando um pouco a interação entre os componentes da cena. Mas nada que ofuscasse a atuação ou que dificultasse o entendimento do enredo.
Em relação às atuações, não tem como não focar no talentosíssimo João Vítor, até porque seu personagem é o foco do 1º episódio. A exigência do papel “John Medeiros” é muito maior do que a dos outros papeis, já que é na primeira parte da série que há a apresentação do tema da história, o assassinato de John. Mas é claro, as atuação, digamos, secundárias fizeram um ótimo trabalho e nos deixou com um gostinho de quero mais para os próximos episódios, que, em teoria, vão mostrar mais sobre cada suspeito. Por isso, João desvia a atenção para o seu personagem. Brilhante é a palavra para o talento desse menino. Seu tom de voz, suas expressões faciais e corporais e sua intensidade em cena nos dá a liberdade de o chamar de “Jack Nicholson de Ribeirãon Preto”. Deixando a brincadeira de lado, podemos ver tamanha dedicação do ator ao trabalho. João conseguiu mostrar todas as características de seu personagem: um pai de família rico, prepotente, que trata seus funcionários como lixo, aparenta ter uma relação quase nula com o filho e a esposa e tem seus problemas com o álcool, que o deixa preso ao paradoxo da felicidade proporcionada pela sua riqueza, e com o seu irmão. Vale destacar também o importante papel do irmão de John Medeiros vivido por Igor Mandatti. O jovem ator se mostrou muito seguro e confiante contracenando com João Vítor, o que nos promete uma boa trama no decorrer da série.
Com tudo isso dito, podemos destacar um quesito fundamental e influenciador na realização da websérie: a coragem. Hoje em dia, aos projetos feitos por jovens, ousados e que fogem um pouco dos padrões Globo de comédia ou de novela, não são dados os devidos destaques. Divulgar projetos como esse exige uma tremenda coragem por parte dos realizadores, para lidarem com as críticas, com as gozações e com uma eventual baixa audiência não esperada. Porém, “Murder” está sendo um sucesso na sua “primeira tomada”, quase batendo a marca de 2 mil visualizações no YouTube em menos de uma semana. Até a capa do Cadeno C do “Jornal A Cidade” Murder já ocupou. A nossa nova websérie promete, e muito, manter nossos espíritos de hipóteses e de detetive acordados. Afinal, quem matou John Medeiros?